Crônica : “Foi assim...”
Seria triste
se não fosse cômico o tombo que levei ao ser literalmente abandonada em cima
daquela pedra. “Aquele homem parecia tão distinto” suspirava ao lembrar-me da
cena da floresta. Ao menos pelas vestes, causava esta impressão. Confesso que
estava decepcionada por não ter acordado num lindo castelo de príncipe, coberta
de flores e começando ali uma linda história de amor.
Ah! O
romance (ainda morro disso! kkk).
Ao
contrário... A azarada aqui acorda na entrada da cidade de Wajo Hill com a
mesma roupa a 3dias ou mais, tonta com fome e imunda? Ahahah (risos) era só a
mesma roupa há três dias depois de rolar na luta corporal com um assassino e
depois rolar de cima da pedra. Tudo bem que a roupa devia ter restos de sangue,
muito suor e uns pares de folhas e terra grudada (o danado do tombo).
Como
desgraça pouca é bobagem, e o príncipe dos sonhos não veio, conheço logo de
cara mais duas mulheres (Helou ??? tem homem nesta história ???) .
Bem, melhor
que ser largada as traças, duas amigas novas , Malanie e Annabele, eram melhor
do que nenhuma neh? Ou 3 contando com a
serviçal, ou 4 contando com a amiga imaginaria de Annabele.
Eram muitas
amigas de uma única vez mesmo. Custava a crer que estava naquele lugar
sinistro, vivendo agora de favores de Annabele uma mulher que eu mal conhecia.
Justo eu, toda independente e dona de mim, agora não tinha sequer um teto para
morar. Engraçado que Melanie, no jantar, citava Annabel como recém-chegada.
Seria aquilo um tipo de abrigo para perdidas? Seria aquele homem o culpado de
tudo isso? Mas que situação! que ponto eu chegara. Minha pancada na cabeça ao
rolar de cima da pedra devia ter me lesado, só podia.
Ainda tinha
que descobrir se aquilo tudo era sonho ou realidade.
Logo depois
do jantar, aceitando ao convite de Melanie para a pernoite, acompanhei a
serviçal que me levou até os aposentos. Fui subindo uma enorme escadaria em
forma de caracol e quando pensei em enjoar nas voltas circulares, fui
surpreendida pela enorme porta de madeira maciça. A serviçal era de tamanho
médio e não aparentava ser parruda, mas confesso que ela era bem fortinha,
porque a porta era um peso dos diabos. Não tinha luz, apenas dois candelabros,
um de vela e outro de óleo, e um cheiro de mofo horroroso. Ela entrou primeiro,
acendeu a vela, balançou a cabeça sem dizer uma palavra e saiu. Eu por vez,
quase gritei implorando: “Dona, num vai não... fica só mais um tiquinho”, me
borrando de medo entrei rápido e sentei em cima da cama. O barulho do vento
uivando, a sombra da luz da vela... rapaz... que situação. Eu preferia matar
mais um bandido que ficar naquele quarto sozinha. . Nem a máfia italiana me
dava arrepios como aquele lugar. Nada seria pior que uma rajada de vento e a
maldita vela apagando. Pois bem, dito e feito. Dei um pulo de cima da cama e
gritei rápido em meio a escuridão: “Eu não tenho medo, sai pra lá coisa ruim
que eu tô armada e vou te furar “. Falei rápido imaginando tamanha assombração
lembrando dos bichões da floresta. Saltei da cama, apanhei com uma mão o punhal
amarrado na perna e com a outra mão, peguei um fósforo dentro do meu cinturão.
Nunca imaginei acender o fósforo com uma mão só, mas o medo faz coisas
incríveis. Nem errei a mira, acertei de primeira e agradeci a luz novamente. “Uffa...”
suspirei. Acendi a vela e o outro candelabro também. Melhor queimar os dois que
ficar no escuro de novo. Retirei apenas o sapato e me enfiei debaixo das
cobertas. Que banho que nada, o cheiro nem me incomodava mais. Ali adormeci em
meio ao fedôr de xixi que fiz na calcinha quando a vela apagou.
Cronista : Lady Lary de Hagnarock (Raissa Geordie)
Março/2013
♥By R.G.♥
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